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domingo, 20 de junho de 2010

Futebol e evolução da espécie

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Já são 80 anos de Copa do Mundo. A primeira foi em 1930, no Uruguai. Naquele ano, apenas 13 países participaram da Copa. Em 1934, na Itália, já eram 16 os países na competição. Em 1938, na França, só tivemos 15 competindo. Depois da interrupção devido à II Guerra Mundial, a Copa volta a ser disputada em 1950, no Brasil, mas com apenas 13 países. De 1954 à 1978, a Copa do Mundo foi disputada por 16 países, para em 1982, iniciarmos, na Espanha, a era da Copa do Mundo disputada por 24 participantes. Somente em 1998, novamente na França, a Copa do Mundo passou a ser disputada por 32 países, como é atualmente.

Numa época destes 80 anos, as sedes da Copa do Mundo alternaram entre países da Europa e das Américas. Paralelamente a isto, viu-se uma nítida preocupação em levar o Futebol a outros centros, principalmente abrindo vagas para países africanos e asiáticos em Copas do Mundo. Isto justificou o aumento de vagas para países destes continentes. Todo este esforço culminou com a Copa do Mundo de 2002 realizada pela primeira vez em países asiáticos e em dois países ao mesmo tempo: Coréia do Sul e Japão. E, agora em 2010, a primeira Copa em continente africano.

Tudo bem. Copa do Mundo é isto aí mesmo. Do Mundo. Então, tem que ter países de tudo quanto é canto.

Contudo, vamos analisar as participações dos times africanos, como mostra a relação a seguir, onde temos o ano, a quantidade de países participantes, juntamente com a colocação final dos representantes do continente africano:

1934 – 16 países
Egito: 13º. Lugar

1970 – 16 países
Marrocos: 14º. Lugar

1974 – 16 países
Zaire: 16º. Lugar

1978 – 16 países
Tunísia: 9º. Lugar

1982 – 24 países
Argélia: 13º. Lugar
Camarões: 17º. Lugar

1986 – 24 países
Marrocos: 11º. Lugar
Argélia: 22º. Lugar

1990 – 24 países
Camarões: 7º. Lugar
Egito: 20º. Lugar

1994 – 24 países
Nigéria: 9º. Lugar
Camarões: 22º. Lugar
Marrocos: 23º. Lugar

1998 – 32 países
Nigéria: 12º. Lugar
Marrocos: 18º. Lugar
África do Sul: 24º. Lugar
Camarões: 25º. Lugar
Tunísia: 26º. Lugar

2002 – 32 países
Senegal: 7º. Lugar
África do Sul: 17º. Lugar
Camarões: 20º. Lugar
Nigéria: 27º. Lugar
Tunísia: 29º. Lugar

2006 – 32 países
Gana: 13º. Lugar
Costa do Marfim: 19º. Lugar
Angola: 23º. Lugar
Tunísia: 24º. Lugar
Togo: 30º. Lugar

Caríssima Leitorcedora. Caríssimo Leitorcedor. Olhando estes números acima, sem muito esforço, podemos concluir que, com exceção da performance de Camarões em 1990 e a de Senegal em 2002, o desempenho dos africanos na História das Copas pode ser considerado pífio, para não dizer bisonho.

Desde que o time de Camarões comandado por Roger Milla surpreendeu o Mundo, a FIFA resolveu aumentar as vagas do continente africano na Copa do Mundo, o que foi concretizado a partir de 1998, com a África sendo contemplada com nada menos que 5 vagas.

Eu tenho que dar minha mão à palmatória, porque eu fui um dos que aplaudiram esta decisão. Eu sempre achei que os times africanos, com o tempo, iriam dar sequência ao feito de Camarões, com apresentações cada vez melhores, cada vez mais bonitas, com um futebol que alia força física e técnica. E que, para isto, as vagas para os africanos deveriam mesmo serem aumentadas, o que aconteceu, quando se passou de 24 para 32 as equipes participantes. Até hoje, eu achava que bastaria um bom técnico para organizar bem estas duas características dos africanos. Achava que uma boa orientação tática levaria os times africanos cada vez mais longe. Ilusão.

Eu tenho que dar minha mão à palmatória, porque eu sempre estive enganado, ou melhor, fiquei esperando demais do futebol africano.

Nesta Copa de 2010, o que estamos vendo é que o futebol africano ainda está longe de ser um futebol competitivo. Longe. Apesar de que vários africanos jogam em equipes européias, destacando-se por lá, quando eles se juntam, infelizmente não formam um time, uma equipe. Formam um bando de jogadores fortes, que tem habilidade e ótimo preparo físico, mas – ainda – sem muita disciplina tática.

A conclusão é que, quando temos africanos nas equipes européias, eles – entre tantos astros mundiais – não conseguem complicar muito. Contudo, quando eles se juntam para jogar pelo seu país, aí vê-se que falta muito a evoluir.

Na partida de hoje contra o Brasil, a seleção de Costa do Marfim, que prometia ser a sensação africana nesta Copa, mostrou que os africanos, além de pouca disciplina tática, são frágeis em controle emocional. A consequência disto foi a quantidade de faltas desleais que eles cometeram, depois que viram que um Kaká lesionado e sentindo dores vale muito mais do que 11 marfinenses. Definitivamente, Futebol não é força: é jeito.

Anotaí: 20 de junho de 2010, dia em que eu desisti de esperar Futebol dos africanos.

Já dava tempo para os africanos terem evoluído. Mas não. Olhando a tabela dos grupos, África do Sul, Nigéria e Camarões já estão fora da próxima fase. Desconfio que Gana, apesar de estar em primeiro lugar no seu grupo, vá conseguir segurar a Alemanha. E estou quase apostando que Sérvia vencerá a Austrália, o que deixará Gana também de fora das oitavas de final. Quanto à Costa do Marfim, tô torcendo para que Portugal enfie uma goleada amanhã na Coréia do Norte, para que – mesmo que o time da Costa do Marfim vença Coréia do Norte, termine atrás de Portugal, que deve perder para o Brasil.  

No Futebol, a evolução é bem parecida com a evolução da espécie. Não se pula de “peixes” para “mamíferos” em apenas 76 anos. Nem que a FIFA e os árbitros ajudem.

Africanos na Copa do Mundo: é muita vaga para pouco Futebol.  


AL-Braço
AL-©haer 

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