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quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Copa começou para nós

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E, convenhamos, Caríssima Leitorcedora, Caríssimo Leitorcedor, começamos bem. E sem surpresas. Vencemos a Coréia do Norte. Era esperado. Ou não? Vencemos sem dar show. Isto também era esperado. Ou não? O time do Dunga não está em campo para dar show. E, se formos buscar dentre os jogadores convocados, aqueles que têm habilidade para apresentar um futebol com espetáculo, em todos os 23 convocados temos apenas Kaká e Robinho com estas características. Mas é sabido que Kaká vem de uma recuperação parcial de uma contusão séria e estaria sem ritmo de jogo para esta partida de estréia. Também, no caso do Robinho, quando ele olha para os lados, não vê o time do Santos. O time do Santos é muito mais “leve” que a Seleção Brasileira. Por vários aspectos. Um deles é que a cobrança na Seleção é incomparavelmente maior, o que deixa os jogadores muito mais tensos. Outro é que Copa do Mundo é um torneio curto: são apenas 6 partidas para se chegar à disputa da Final. Ora, isto reflete – também – no Robinho, o que o deixa “meio preso”. É preferível tocar uma bola de lado, acertando o passe, do que tentar uma pedalada, um drible, perder a bola e provocar um contra-ataque.
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Os números da Copa 2010 até o momento confirmam que as equipes estão cada vez melhores no quesito “não tomar gol”. Está tão difícil marcar gols, que – com exceção da vitória da Alemanha por 4 a 0 sobre a Austrália, depois de 14 partidas realizadas, esta entre Brasil e Coréia do Sul foi a única que teve 3 gols marcados.
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Concordo que nós, Brasileiros, somos muito exigentes. E temos razão, pois temos uma história de muitos craques, de jogadores geniais, de Futebol-Arte, de muitas conquistas. Mas, infelizmente, temos que aceitar que a tendência é as equipes se apresentarem cada vez mais preparadas para se defenderem. Especialmente para as equipes com menor quantidade de jogadores habilidosos, a única saída é se armarem bem defensivamente e tentar surpreender nos contra-ataques. Esta “praga” tá pegando tanto, que até o Brasil tem aberto mão de jogadores habilidosos para colocar em campo jogadores que não possuem esta característica de armação, mas que conseguem desarmar as jogadas adversárias. O time do Parreira, de 94, era assim. O time do Felipão também era assim. O time do Dunga é assim.
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Já ouvi e li muito sobre a estréia do Brasil. A maioria não gostou da estréia do Brasil. Parece que, apesar da vitória, há mais defeitos do que qualidades. E o time não inspira confiança.
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Conversei com Minha Mãe e com a Minha Filha, Laura, e elas também não gostaram muito do que viram.
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Minha Mãe achou que o coreano “foi entrando muito fácil” e os brasileiros foram "muito moles", pois ninguém tirou a bola no gol deles. Mas, como o Brasil tinha vencido e Minha Mãe estava mais preocupada com a minha sinusite (que atacou desde Domingo), ela preferiu saber se o "turquinho caçulinha" dela tinha melhorado e se esqueceu do gol dos coreanos.
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A Laura foi um pouco mais exigente, pois me perguntou: “- Paaaaai, se foi difícil contra essa Coréia, como vai ser quando tivermos que enfrentar uma Alemanha?” Não respondi a esta pergunta da Laura. Mudei logo de assunto, perguntando sobre o seu tema predileto (sua apresentação de Balé e Jazz, agora no final de junho) e ela se esqueceu de que o “papai querido do ano” a deixou sem resposta.
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Sinceramente, não estou me queixando, pois o que vi nesta estréia do Brasil não foi nada de surpreendente. Eu já imaginava que o Kaká não estaria 100%. Também era de se imaginar que o time da Coréia do Norte viria bem fechado lá atrás. A gente fica neste saudosismo, indignando-se com o fato de uma Coréia do Norte dar trabalho para a temida, histórica e tradicional Seleção Canarinho. Mas, convenhamos, o time do Dunga – dentro de campo – não é lá essa maravilha da natureza comparado com o time da Coréia do Norte. Individualmente, os jogadores brasleiros são infinitamente melhores, com vasta experiência dentro e fora do Brasil, mas – sabemos – dentro de campo não basta apenas isto. Pelo menos é o que temos notado, também, com outras seleções favoritas.
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Gostei muito das jogadas dos dois gols do Brasil. Foram duas jogadas muito bem trabalhadas e, nas duas, Elano participou decisivamente. No primeiro gol, Elano executou com extrema precisão aquela jogada que o Professor Cláudio Coutinho ensinou aqui no Brasil pela primeira vez em 1978, que tem o nome de overlapping, e que foi apelidada de “ponto futuro”: Maicon vinha de trás, voando baixo pela direita, Elano lançou para onde Maicon chegaria, sem marcação, em condições de fazer o cruzamento para a área. Maicon resolveu chutar sem ângulo: um golaço. No segundo gol, Robinho fez um lançamento da intermediária, em diagonal, a bola passou por entre quatro adversários, indo alcançar Elano que entrava na área, para – com calma – bater de primeira, rasteirinho, no canto, sem chances para o goleiro. Com exceção dos quatro gols da Alemanha contra a Austrália, eu posso até estar enganado, mas – se minha memória visual não estiver falhando – ainda não tinha visto nenhum gol nesta Copa tão bem construído como foram estes dois gols do Brasil contra a Coréia do Norte.
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E, sejamos justos. Se tem uma coisa consistente neste esquema do Dunga é a defesa. Tanto é que a Coréia do Norte só conseguiu furar esta defesa aos 44 minutos do segundo tempo. Não vai ser fácil marcar gols nesta defesa do Dunga.
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Pensando bem...era a Coréia do Norte...
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Pergunta difícil aquela da Laura, hein?
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Laura, preocupada com a Alemanha
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AL-Braço
AL-©haer 

Um comentário:

Anônimo disse...

O técnico Dunga coloca o Brasil como um time obreiro, lutador e sem nenhuma perspectiva de criatividade.

Placares apertados serão a tônica deste Mundial, tudo bem.

O que acontece com os técnicos da atualidade? Por que os melhores da Europa não estão à frente de suas respectivas seleções?

Por que o defensivismo e mediocridade imperam?

JB Alencastro