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domingo, 13 de junho de 2010

Até que enfim, o “Futebol” entrou em campo

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Alemanha, claro!!!

Mesmo desfalcado de seu principal jogador (Ballack), o time da Alemanha fez o que deveria ter sido feito ao enfrentar a Austrália (um país de pouca tradição em futebol): a Alemanha desconheceu o adversário e aplicou uma goleada, já na estréia. 4 a 0. No jargão do Futebol, eu diria uma “sonora goleada”, mas, por ser na Copa das Vuvuzelas, a sonoridade desta goleada só foi superada pelo barulho daquelas, insistentes e incansáveis.

Se a gente fosse enumerar aqui o que o povo Alemão contribuiu (e contribui) para o Mundo, teríamos que passar pela Literatura, pela Filosofia, pela Música, pelo Teatro, pela Engenharia, pela Química (só para citar algumas áreas) e concluiríamos que o legado do povo Alemão é a importância da “disciplina” em qualquer atividade. Você pode até ser talentoso, ter o dom, mas sem disciplina, você não os desenvolve, podendo até perdê-los, pela má utilização. E os alemães têm usado bastante o talento que têm, com extrema disciplina.

Mas o assunto é futebol e os números estão aí: na História das Copas, a Alemanha já decidiu 7 finais, somente igualada pelo Brasil, neste quesito. Já teve época em que o jeito do Alemão jogar o futebol chegava a ser irritante, principalmente para nós, brasileiros, que inventamos o Futebol Arte. Os alemães nunca praticaram um futebol que fosse parecido com arte. E foi exatamente por isto que já decidiram tantas finais de Copa do Mundo.

(Só para ajustar o pensamento com a História, antes da queda do muro de Berlim, futebol alemão significa o time da antiga Alemanha Ocidental. Depois, leia-se Alemanha Unificada, ou simplesmente Alemanha.)

Há vários momentos momentos significativos na história do Futebol, mas gostaria de salientar três, especificamente.

Um deles foi em 1974, na Copa do Mundo. O surpreendente, inigualável, e incopiável Futebol Total da Holanda de Cruyiff e Cia foi superado pela disciplina, objetividade e eficiência alemã, na final. E de virada.

O outro, foi em 1994, também em uma Copa do Mundo. O Parreira monta um time bem fechado na defesa, num esquema 4-4-2, que jogava nos erros dos adversários e atacava somente nos contra-ataques, sem se preocupar com o gol, que segundo o próprio Parreira, “no futebol, o gol é apenas um detalhe”. Deu certo. Foram dois “detalhes” que nos deram o título: um deles se chama Romário e o outro se chama Baggio.

O terceiro momento, este é bem recente, foi na semi-final da Champions League deste ano entre Barcelona e Inter de Milão. O então técnico da Inter, Mourinho, na partida de volta em pleno Camp Nou, na capital Catalã, tendo a vantagem do empate, armou a maior retranca da História do Futebol. Simples: a Inter não precisava marcar gols; só necessitava não levar nenhum gol. O resultado foi 0 a 0, classificando a equipe italiana para a final contra o Bayern. Achei que o Bayern iria acabar com a Inter, na final em Madrid. Não. Tourinho armou a Inter à La Brasil de 94. A defesa não cometeu erros e, guardadas as devidas proporções, Milito foi o Romário deles.

Citei estes três momentos, porque a cada quatro anos, a Copa do Mundo passa a ser cada vez mais chata, em termos técnicos. Joga-se com a preocupação de não cometer erros, ao invés de buscar os acertos. Em Copa do Mundo, acertar é não cometer erros. É compreensível. Não é tão difícil para os países com mais tradição no Futebol passarem da fase de grupos. Depois, é mata-mata, quatro jogos apenas. Infelizmente, não há lugar para se jogar bonito. Há que se jogar de forma eficiente, sem inventar.

É aí que entra a Alemanha. Desde os primórdios da História das Copas, que a Alemanha continua jogando da mesma maneira, independente de ter vencido ou perdidos as 7 finais que já disputou (venceu três). Independente de ter voltado para casa antes da final. Independente de qualquer coisa, os Alemães têm dado o mesmo recado para o Futebol Mundial: manter a calma, tocar a bola, errar poucos passes e se posicionar para receber. Sem firulas. Sem excessos. Só com os fundamentos básicos do Futebol: posse de bola e passes certos nos lugares certos, rasteirinho e chuveirinho.

Na história das Copas só há um país que tem esta regularidade: em todas as copas que participou, a Alemanha sempre se apresenta com um Futebol disciplinado e eficiente. Nem o Brasil, que é o maior reprodutor de craques do mundo (e para o mundo) consegue se apresentar em Copas do Mundo com este grau de regularidade. Nem o Brasil. Ou vocês se esqueceram das Seleções de 74 e de 90?

Então, fica fácil concluir: com o empobrecimento técnico das equipes (em função da necessidade de se cumprir esquemas táticos), em que a disciplina vale mais que o talento, é maior a probabilidade de uma equipe disciplinada ir mais longe num campeonato curto como é a Copa do Mundo. Tradicionalmente, quem sabe fazer isto muito bem são os Alemães.

Eu sei que está cedo para sentenciar que esta Alemanha que entrou em campo hoje será a Campeã de 2010. Ainda não tivemos as estréias nem da Itália, nem da Espanha, nem da Holanda e nem do Brasil. Sei, também, que a Austrália não é parâmetro para comparação. Sei.

Mas, a sensação que tive, hoje, é de que todo treinador em uma Copa do Mundo sonha em ver seu time jogando à La Alemanha.

E, por falar em contribuição da Alemanha para o Mundo, ilustramos com alguns momentos da mulher do meio campista alemão Bastian Schweinsteiger, Sarah Brandner (sem legenda; qualquer uma seria totalmente desnecessária...):











AL-Braço
AL-©haer 

2 comentários:

CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos) disse...

AL,
Show de postagem, de ponta cabeça. Da Alemanha, dentre tantos, admiro sobremaneira Bertold Brecht. O futebol nem tanto, apenas algum respeito, que cresce muito ao lembrar Rummenigge, Beckenbauer, Breitner, Overath e outros astros dessa linhagem.

Abraço com o coração,
Pedro Ramúcio.

Anônimo disse...

Al Chaer,

Adoro Freud, Nietzche, Mozart e Claudia Schiffer, não necessariamente nesta ordem...

Seus comentários são tão pertinentes que nós, leitores, teríamos que escrever páginas e páginas para concordar e enobrecer ainda mais.

O final bem-humorado refresca os olhos e ativa a mente. Ativamente!


Forte abraço,

JB Alencastro