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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

As jogadas "manjadas" do Goiás

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Um amigo lá do Rio de Janeiro escreve elogiando a crônica anterior, mas exigindo que eu escreva sobre as “jogadas previsíveis” do Goiás, que eu anotei assistindo à partida contra o Santo André.

Ele disse que se eu não fizesse isto, estaria “escondendo” informação. Este meu amigo é Flamenguista. Joga tênis lá na Gávea. Tô achando que ele quer dar “umas dicas” para o Andrade. Tem problema não. As jogadas são mesmo tão previsíveis, que basta ver um “tape” de uma das últimas 5 partidas que o Goiás venceu, que tá tudo ali, bem treinado e bem repetido.

Vamos lá.

1. Quando o Goiás está bem postado na defesa, com o adversário vindo para cima.

Até o Iarley dá combate. Se o adversário evolui (passando pelo Felipe Menezes), os volantes tentam parar a jogada, normalmente com obstruções, que “matam” a jogada sem “quebrar” o jogador. Se o adversário tenta jogar pelas pontas, o ala dá o combate, com um dos três zagueiros na sobra. Se o ala não comete a falta, o zagueiro cerca. Neste momento, um dos volantes já cobre a posição do zagueiro que saiu na cobertura do ala (até o Felipe Menezes volta para congestionar de verde o nosso sistema defensivo). Se o adversário consegue cruzar a bola, a defesa – geralmente - tira de cabeça. Tanto os zagueiros, quanto os volantes têm tido uma ótima performance em antecipar bolas alçadas para a área. Com tanto jogador na defesa, normalmente a “segunda bola” cai nos pés de um jogador do Goiás, iniciando um contra-ataque.

2. Quando o Goiás é pego – raramente – de surpresa em um contra-ataque.

O Rafael Tolói sai na direção da bola e só para se a recupera, se dá um chute para a lateral para a equipe se recompor, ou se faz a falta. Se a bola chega nas mãos do Harlei, aí entra uma das melhores reposições de bola que temos presenciado. Rapidamente, o Harlei identifica o ala que tem mais campo pela frente e lança com as mãos, perfeito! Se os alas estiverem marcados, o Harley dá um balão na direção do Iarley. O Iarley disputa todas as bolas. Quando domina a bola, aí já tem 6 jogadores que vem subindo rumo ao ataque, para dar o passe. Normalmente há três desdobramentos desta jogada: ou o Iarley sofre falta, ou o Iarley dá um bom passe, ou o Iarley faz falta.

3. Quando o Goiás tá levando “sufoco” do adversário.

Todo mundo dá chutão para onde o bico da chuteira apontar.

4. Quando o Goiás recupera a “segunda bola”, iniciando um contra-ataque com um dos volantes.

A jogada é sempre a mesma. O Iarley se desloca para um dos lados do campo, levando consigo um marcador e deslocando os demais defensores para este lado do campo. O volante lança para o Iarley. O Iarley recebe, faz “o pião” e já tem duas opções de passe: ou o ala que está chegando, ou um volante ou o Felipe Menezes que está passando pelo meio. Qualquer que seja o passe, constrói-se uma inversão de jogada, pois a bola vai passar por, no máximo, dois jogadores e chegar ao outro ala, que já está numa região mais livre para fazer uma jogada de linha de fundo e cruzar, ou uma tabelinha com o companheiro mais próximo.

5. Quando o Harlei está com a posse de bola, mas não tem como opção a jogada de lançamento nem para o ala, nem para o Iarley.

Se os alas estão marcados, o Harlei solta a bola com as mãos para um zagueiro. Este zagueiro conduz a bola e vai passar para um dos volantes mais à frente, ou para o ala que subiu ao ataque. Se a bola vai para o volante, geralmente este volante busca a jogada com o outro volante, pelo meio (esta é uma jogada um pouco perigosa, se for mal executada). Se a bola vai para o Felipe Menezes, este parte para cima, tentando uma jogada individual. Quando o primeiro drible do Felipe Menezes tem êxito, a próxima jogada será um passe para o Iarley, ou para o ala que já está lá na frente como um ponta. A próxima jogada é um “um-dois”, a partir do Iarley, ou a partir do ala. Se tá tudo congestionado, a bola é recuada para o zagueiro que está mais próximo e tudo recomeça: ou o passe vai para o volante mais próximo, ou vai para um ala, ou ligação-direta na direção do Iarley, mesmo que este esteja bem marcado.

6. Quando há uma falta na intermediária a favor do Goiás.

A bola é lançada para a meia-lua da grande área, ou no “segundo pau”, sempre buscando a cabeça do Rafael Tolói ou do Amaral, que são aqueles que têm maior impulsão. O desdobramento da jogada, quando estes jogadores alcançam a bola, sempre causa problemas para o adversário.

7. Quando os alas do Goiás conduzem a bola em contra-ataque, em condição de fazer o cruzamento.

Como os nossos atacantes são de baixa estatura, o cruzamento sempre é forte e a meia altura, em curva, por trás da zaga adversária, esperando um oportunismo de um Iarley ou de um Felipe, para desviar a bola para a rede do adversário. Geralmente, os goleiros não saem nestas bolas. Quando tentam pegar estas bolas cruzadas a meia altura, normalmente a bola é parcialmente defendida, oferecendo boas condições para um segundo arremate, com o goleiro ainda no chão.

8. Quando o adversário fica frente a frente com o Harlei.

Aí é o São Harlei!!!


Estas jogadas do Goiás têm tido cada vez mais êxito, porque a defesa está bem aplicada e os passes errados estão diminuindo a cada partida.

A coisa só tem complicado, quando se abusa do individualismo, o que só acontece com o Felipe Menezes e com o Vitor. Foi só o Vitor ficar afastado por contusão, que diminuíram os contra-ataques dos adversários.

É com essas jogadas “manjadas” de um esquema 3-6-1 que o Goiás já chegou à terceira posição neste difícil e longo Brasileirão.


AL-Braço
AL-©haer

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