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terça-feira, 8 de julho de 2008

Torcedor tem direito de consumidor?

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O Goiás vinha muito bem no Campeonato Goiano, até o momento em que "o pega foi prá capá" (essas frases...ah...essas frases insistem em me perseguir).

Na semi-final, o Goiás perdeu para o Anápolis na partida de ida e, na volta, teve que se esforçar muito para reverter a situação. Quase não conseguiu. Mas foi. Na final, contra o Itumbiara, perdeu lá no JK e foi goleado aqui no Serra Dourada. Se houvesse uma terceira partida, o Itumbiara venceria. Uma quarta partida? Itumbiara, fácil. Onde fosse, o Itumbiara de Saci venceria com um pé nas costas (os trocadilhos - até os impossíveis - me perseguem...fazer o quê?)

Na Copa do Brasil, venceu bem o Corinthians no Serra Dourada, mas lá em São Paulo, foi aquele desastre.

A gente, que achava que o Goiás fosse uma equipe boa, passou a desconfiar que o time não era bom coisa nenhuma. A gente se engana, pois neste Goianão de 2008, com exceção de Itumbiara, Atlético, Anápolis e Vila Nova, os demais pouco exigiram do Goiás. Também isto aconteceu nas duas primeiras rodadas da Copa do Brasil. O Goiás enfrentou equipes sem expressão e, quando o confronto foi contra o Corinthians, foi eliminado.

Caio Júnior foi embora e veio o Vadão. Começou o Brasileirão e, nos primeiros 6 jogos foi um vexame só.

Mas, infelizmente, no "cantado em prosa e verso" (chavões, obrigado a todos!) Melhor Futebol do Mundo ainda acontecem coisas inexplicáveis ou inaceitáveis.

Os atletas são profissionais. Sim. Mas não são profissionais comuns. Não. São especiais. Recebem muito bem pelo seu trabalho. Merecido. São – além de profissionais do Futebol – os verdadeiros artistas do espetáculo (mais uma!). São. Os malabaristas com a bola (outra!). Verdade.

No entanto, quando não querem jogar, não há torcedor, nem comentarista, nem técnico, nem dirigente que os faça trabalhar na sua plenitude.

Cara Leitorcedora. Caro Leitorcedor. Para dar um exemplo da nossa Linda e Limpa Cidade de Goiânia, vocês já viram os garis saírem para trabalhar e resolverem não trabalhar? Não tem jeito. Ou o gari faz a limpeza, ou não faz. Não há como a cidade ficar meio limpa. Ou está limpa, ou está suja. E, convenhamos, nossos garis são exemplares, e deve ser tradição que passa de pai para filho, pois eu moro em Goiânia há 40 anos e não me lembro de ver esta cidade mal cuidada, na questão de limpeza urbana.

Vamos a outro exemplo, que eu conheço bem. A Engenharia. Vocês já viram uma Engenheira ou um Engenheiro resolver, numa bela manhã, que não vai cumprir as tarefas em função do planejamento e do cronograma? Não pode. Por exemplo, imaginemos a construção de uma rodovia. Não há como os Engenheiros resolverem construir meia rodovia. Ou a rodovia é inteira, ou não é uma rodovia.

Querem outro exemplo? Na Medicina. Vocês já pensaram em um médico resolver operar metade da cirurgia? Já pensaram em um médico prescrever apenas meia receita? Não tem condição.

E a Cozinheira? Tem cabimento ela cozinhar um prato somente com parte dos ingredientes? E o Alfaiate? Vai costurar apenas uma perna da calça? Não tem lógica.

Quando se fala na palavra "profissionalismo", sejam Garis, Engenheiros, Médicos, Cozinheiras, Alfaiates (para ficar nos exemplos acima, mas cabe também para as demais profissões), o mercado consumidor cada vez mais exigente, com suas leis cada vez mais rígidas, com a fiscalização cada vez mais atuante, não permite mais o "meio produto final".

Mas, lá no Goiás, ALguma coisa estava acontecendo. Que "coisa" era esta, eu não sei. Como começou? Não sei. Quando começou? Também não sei. Só sei que a torcida ia ao campo ver o time "trabalhar" no que eles "mais gostam de fazer", que é "jogar futebol", mas parecia que os "profissionais" não estavam com muita vontade de "trabalhar", ou de "dar espetáculo". ALiás, deram um espetáculo às avessas, pois a equipe – mal começou o campeonato – já era considerada favorita ao rebaixamento.

O Vadão deu azar. Muito azar. Caiu no meio de uma queda de braço, no meio de uma batalha de "cabo-de-guerra", entre jogadores e diretoria. Sobrou para ele. Não suportou. Pediu para sair. Foi digno com a sua "profissão" de técnico. Foi leal com o Clube e com a Torcida. Não há como treinar um time que não está querendo "trabalhar".

Mas o problema não era o técnico. O que se comentou é que o time só ia jogar futebol (leia-se trabalhar) quando o Diretor de Futebol e seu filho, o Preparador Físico, saíssem do Clube. A "coisa" deve ter sido muito "feia" mesmo, pois assim que eles saíram, os "atletas" - os "profissionais" – resolveram jogar.

E, agora, o time tá correndo. Muito. Tá corrrendo tanto, que está pregando na metade do segundo tempo. E o suor do trabalho está escorrendo, molhando a camisa. E a bola passa de pé em pé. E a defesa está atenta, nas bolas rasteiras e nas bolas altas. E o goleiro voltou a pegar tudo. Só entra bola indefensável. Os volantes estão protegendo bem a defesa e saindo rápido para o ataque. Ou seja, estão todos "defendendo o leite das crianças" (deixa essas frases...elas gostam de mim!). E a capacidade de motivação do técnico Hélio dos Anjos contagia até quem não gosta de futebol.

A novidade é que o Iarley agora recebe as bolas "com açúcar e com afeto" (obrigALdo, Chico Buarque!) e não mais aquelas bolas na fogueira de antes. Seu jogo começa a aparecer. O Romerito, que serviu uma época para o Goiás, depois passou a não servir mais, voltou e agora está servindo muito. Como uma luva, tanto de meia (trocadilho incidentAL!), quanto de ala. Agora não dependemos somente da capacidade técnica de Paulo Baier. Agora a bola não necessariamente tem que passar por ele. Temos alternativas, que são o Romerito e o Iarley. E o Paulo Baier, portanto, passa a jogar também "sem a bola", atraindo marcadores e abrindo espaços. Os cruzamentos estão mais caprichados. A bola está chegando na cabeça de nossos atacantes e não mais nas mãos do goleiro adversário. Vencemos o Santos lá dentro por goleada. Uma surpresa, mas não foi uma zebra, pois o Goiás fez uma partida impecável. Quem viu o jogo não contesta o resultado, muito menos o placar. Perdemos para o Vitória. Normal, a derrota fora de casa. Só que o resultado de 3 a 0 não representou o que fizeram as equipes. Vencemos o Fluminense aqui no Serra Dourada e, mesmo com a ressaca da perda da Libertadores, o time do Fluminense é muito bom.

Parece que os "atletas profissionais" do Goiás resolveram começar mesmo a "trabalhar" nestas últimas três partidas. E tudo aponta para que, com tempo e paciência, o Goiás saia da zona do rebaixamento.

Mas, por enquanto, persistem ALgumas dúvidas: Esse time do Goiás é bom mesmo, ou é meio bom? Se for meio bom, recorrendo-nos às elementares teorias de conjunto, então o time seria meio ruim? Como fazer uma propaganda do Goiás, que não fosse enganosa? Como acreditar nesse time do Goiás? Coelhinho da Páscoa, "que trazes pra mim"? O quê que eu vou pedir na cartinha para o Papai Noel?

Panis et circenses.

Sou louco por Futebol. E doente pelo Goiás. Desde 1973. Mas jogar assento de arquibancada na cabeça de jogador, isso eu não faço. Se eu fosse uma pessoa violenta, tocaria viola (essa frase aí é ©opywright do Meu Pai). Quando vou ao estádio, não xingo jogador do meu time. Só do time adversário. Xingo o árbitro, sim! E os bandeirinhas, também! (A "bandeirinha", não! Nem a de escanteio, nem a da Playboy!) E os árbitros não se importam. Estão "acima" disso. Um dia, um deles me disse que todo árbitro tem duas Mães: a Mãe verdadeira, que fica em casa e a outra, a mãe fictícia, que vai para o campo. Então, podemos xingar à vontade que eles não tão nem aí. Em casa, no "peiperviu", aí eu xingo. A minha sorte é que lá do campo eles não escutam o que falo aqui da sala. Se escutassem, já teria uns cinco jogadores do Goiás querendo me bater. E muito. Pra arrebentar. E eles até que teriam lá suas razões. O que falo deles, de vez em quando, não é tratamento que se deve dar a um ser humano. Mas, eu também teria a minha parcela de razão. O que eles fazem com o Goiás me deixa fora de minha condição humana.

E a vida vai passando. Eles "jogando". Nós, "torcendo". Só que parece que nós "torcemos mais" do que "eles jogam". Porque nós, apaixonados, torcemos o tempo todo. Não paramos de torcer. E, cada vez mais, torcemos mais ainda.

Não há meio torcedor. Ou você torce. Ou não torce.

E, durante uma vida inteira, nós torcemos pelo Clube. Pelas Cores. Pela Camisa. Pelo Distintivo. Pela Bandeira. Vejam uma estrofe do Hino do Goiás, que fala exatamente isto:

"Nosso Clube é a Nossa Glória
A Nossa Raça, Nossa Gente, Nossa História
O Amor pela Nossa Bandeira
É para nós a Maior Vitória"


Mas, tem hora que cansa. Torcer inteiro para uma metade de equipe. Torcer inteiro para ver atleta(?!) profissional(?!) jogar pela metade.

Não estou falando em vitórias.

Estou falando de "profissão" e de "trabalho".

ALcho que nesta historinha de Pão e Circo, o pALhaço sou eu: o torcedor!

O PROCON recebe denúncia de torcedor?

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AL-Braços
AL-©haer
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pêésse:

Gosto de Dicionários. Tenho vários. Em vários idiomas. Um deles, muito interessante é um Árabe-Inglês / Inglês-Árabe. Só que é o Árabe falado no Egito, que é um pouco diferente do Árabe falado no Líbano, na Síria, no Iraque e no Irã. No meu computador tenho um programa de tradução com várias possibilidades. A tradução chega a mais de 80% de fidelidade. Há na Internet vários "sites" com programas de tradução simultânea. Por exemplo, no "site" do Instituto Cervantes, o tradutor de Espanhol para vários idiomas (e vice-versa) chega ao requinte de traduzir até algumas expressões idiomáticas. Mas eu resolvi mesmo entrar no meu HOUAISS digital, agora, e me deparei com duas palavras muito utilizadas nas suas acepções principais e figuradas de nossa complexa e rica Língua Portuguesa. São elas: malandro e vagabundo.

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