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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Por quê não marcamos 3 gols no Independiente?

Passadas 24 horas após a festa inesquecível que - juntamente com cerca de 40 mil torcedores - participei na noite de ontem lá no Serra Dourada, agora há como analisar melhor o que foi este Goiás 2 x 0 Independiente. 

Que time é esse do Goiás? Seriam dois times em um? Será que tivemos dois times em campo nestes últimos meses? Porque, praticamente, são os mesmos jogadores aqueles que rebaixaram o Meu Goiás para a Série B de 2011, bem como aqueles que estão decidindo a Sulamericana de 2010. 

Ao recordarmos a performance do Goiás nas partidas da Sulamericana jogando fora de casa contra Peñarol, Avaí e Palmeiras e, especificamente nesta primeira partida da Decisão, enfrentando o Independiente no Serra Dourada, é de se lamentar muito o fato de o Goiás não conseguiu fugir do rebaixmento, no Brasileirão. Como é que pode? Repito: são - praticamente - os mesmos jogadores. O esquema tático mais utilizado pelos últimos três treinadores (incluindo o atual Artur Neto) ainda é o 3-5-2. As únicas mudanças recentes foram: a retomada da condição de tilular pelo lateral Douglas, com o polivalente e esforçado Carlos Alberto assumindo a titularidade no lugar de Wellington Monteiro; Bernardo perdeu a posição para Marcelo Costa e Otacílio Neto assumiu o lugar que era ocupado por Felipe ou por Éverton Santos. 

Eu - particularmente - gosto muito do futebol do atacante Felipe. Tecnicamente, Felipe é nosso melhor atacante e, experiente, não treme, além do fato que a nossa posse de bola melhora com Felipe em campo. Infelizmente, paira uma desconfiança com relação a Felipe, de que ele perdera o entusiasmo, após a não concretização de uma possível transferência para o exterior. Rafael Moura chegou a comentar - em entrevista coletiva - que no Goiás tinha gente que não estava a fim de correr e que o melhor seria que jogadores com este comportamento ficassem de fora, para não atrapalhar. Perguntado sobre nomes, Rafael Moura não os citou, mas imediatamente as especulações se voltaram para Felipe. Comenta-se que depois "ficou tudo bem" entre Rafael Moura e Felipe. Em campo, nas vezes em que Rafael Moura e Felipe atuaram juntos, após tal declaração, parece que "ficou mesmo tudo bem", pois um procura passar a bola para o outro e vice-versa. 

Contudo, com a chegada do técnico Artur Neto, "coincidentemente" Felipe foi para o banco de reservas, entrando Otacílio Neto em seu lugar. Se for verdade que está "faltando" vontade para Felipe, é verdade também que "sobra" vontade em Otacílio Neto. Mas, tecnicamente, Felipe é bem superior, sem dúvida.

Com relação à saída de Bernardo, foi correta, pois Marcelo Costa (que não é nenhum craque) tem sido mais regular do que Bernardo, que é um jogador habilidoso, contudo alterna momentos de luz e momentos de apagão em uma mesma partida. Além do que é Marcelo Costa que tem conseguido armar as poucas jogadas lúcidas que o Goiás realiza pelo meio de campo. 

Sabem por que o Goiás não enfiou uma goleada para cima do Independiente? Por dois motivos.

O primeiro deles, visto claramente, foi o cansaço que a equipe acusou no segundo tempo, depois de ter feito um primeiro tempo quase perfeito, sem erros no sistema defensivo e com um surpreendente volume de jogo. 

O segundo motivo foi porque o retrospecto do time do Goiás mostra que em poucas partidas marcou mais de 2 gols. 

Para refrescar a nossa memória, tomando apenas as 37 partidas realizadas pelo Brasileirão, somente em três confrontos no Serra Dourada o Goiás conseguiu marcar mais de 2 gols (4 x 1 Botafogo, 3 x 1 Guarani e 3 x 1 Atlético Goianiense), enquanto que - fora de casa - isto ocorreu apenas uma vez, que foi aquela vitória de 3 a 0 sobre o São Paulo.

Na Copa do Brasil, vencemos o Ituitaba por 3 a 2 e o São José-AP por 7 a 0 (este resultado está totalmente  fora do "desvio padrão", portando deve ser - pelas regras da estatística - descartado de nosso "espaço amostral"). 

E, na Sulamericana, em todos os 9 confrontos, ainda não marcamos 3 gols em uma partida.

Ou seja, conclui-se que o nosso sistema de ataque - neste ano de 2010 - não tem a mínima vocação para goleadas. E é fácil descobrir o motivo: a bola não chega redondinha para os atacantes, porque nosso meio de campo é formado por jogadores que são mais esforçados do que habilidosos. Também, por este motivo, fica mais fácil para os volantes e meias tocarem a bola para os alas, do que tentar uma tabela pelo meio. Sabemos que nossos alas são o nosso "pesadelo": Douglas ("prata-da-casa", que jogou demais pela seleção Sub-20) tem sido uma incógnita; eu fico na "torcida do agora vai", mas Douglas não passa por um momento psicológico confortável: várias vezes foi vaiado pela torcida e não consegue "segurar a onda"; o outro ala é o Wellington Saci, que não é nenhuma incógnita: esse é sofrível !!! A única jogada que sabe fazer é o toque "de segurança" para trás. Com relação a jogadas de linha de fundo, pela esquerda, elas aparecem quando o zagueiro Marcão sobe ao ataque, pois se depender do Wellington Saci, pode esperar sentado, para não se cansar. Infelizmente, o Goiás não tem quem substitua o Wellington Saci. Seria o Jadílson, mas este - nas vezes que entrou - conseguiu jogar pior do que o Wellington Saci. Uma pena! Jadílson, da primeira vez que jogou no Goiás, era um dos principais jogadores, tanto na defesa, quanto no ataque. Um ala na acepção da palavra e da função. Agora, adicionou no seu curriculum que é reserva do Wellington Saci. Que final de carreira, hein?

Aí, já com o placar em 2 a 0, vem  o Artur Neto coloca o Éverton Santos no lugar de Otacílio Neto, quando - na minha opinião - quem deveria entrar era o Felipe. Eu prefiro o Felipe "sem vontade de jogar" do que esse lamentável Éverton Santos. O Independiente estava com um jogador a menos. Com a entrada de Éverton Santos, nós equilibramos, pois com o Éverton Santos em campo, nós também ficamos com um jogador a menos e o Independiente pôde fazer sua cerinha argentina e "segurar" o 2 a 0.

Era visível o cansaço da equipe no segundo tempo. A regra permite até três substituições. Artur Neto realizou apenas duas (sendo que Felipe entrou faltando poucos minutos, não tendo tempo para fazer muita coisa, mas ainda sim conseguiu realizar uma boa jogada pela direita). Será que não temos no banco de reservas um terceiro jogador que pode entrar, nem que seja para correr mais que os outros? Já que o Meu Goiás é mais "vontade" do que "qualidade", será que o Artur Neto não encontra uma terceira alternativa durante a partida? Parece que não.

Então está explicado porque não marcamos o terceiro gol no time do Independiente. 

AL-Braços
AL-Chaer



Um comentário:

Anônimo disse...

Olá irmão,

Estive lá, como o fiz em todo o campeonato brasileiro e goiano. Eu e meu filho, João Mário.

Gostaria de acrescentar que os dois atacantes, Rafael Moura e Felipe são ótimos. E a causa de ambos não mostrarem seu verdadeiro jogo é a mesma:contusões.

Rafael é muito forte e explosivo e consegue ser rápido em pequenos espaços. Sua lentidão irritante no início da temporada era falta de condicionamento, puro e simples.

Felipe é jogador de raça e caráter. E bom de bola. Não amarela. Infelizmente está contundido e em recuperação. Por isso a queda de rendimento.

Esses fatos são muito perceptíveis quando estamos no estádio. Vê-se o jogador de perto. Suas expressões faciais, seu empenho, além do desempenho.

O Goiás é um time regular com bons e esforçados jogadores. Os técnicos - todos muito competentes - o que há de errado é a diretoria.

Essa sim, tem colocado os jogadores inseguros e insatisfeitos.

Forte abraço,

JB Alencastro