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segunda-feira, 23 de março de 2009

Águas de Março...”- cadê a bola?”

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Parece até que São José tem visitado este blog...no pôsti anterior, escrevi que o campeonato goiano iria “pegar fogo”. Não deu outra: São José mandou aquela chuva neste final de semana.

Choveu tanto durante a partida Atlético x Goiás, que o jogo teve que ser interrompido aos 39 do primeiro tempo. A paralisação durou quase 40 minutos. O árbitro reiniciou a partida, para os minutos finais do primeiro tempo e as equipes foram para o intervalo com o placar de 0 a 0 que eu tinha previsto, anteriormente.

Meu Pai dizia que a chuva não é desculpa, pois chove dos dois lados do campo. ALcho que Meu Pai dizia isto, porque não foi nem goleiro, nem meio-de-campo, nem lateral, nem atacante. Meu Pai jogou de zagueiro, o antigo quarto-zagueiro, que na verdade é o segundo(coisas da nomenclatura do Futebol). Nos dias de chuva, quem sofre menos são os zagueiros, que não tem muito que correr. Desarmar é mais fácil que construir. E o forte de Meu Pai eram as bolas pelo alto. Tirava todas de cabeça. Jogava com um lenço amarrado na testa. “Lelé, o turco do lenço branco”. Uma Lenda Viva dos Campos de Araxá.

Deixa eu fazer um parênteses e contar o episódio que fez Meu Pai abandonar o Futebol. Estavam jogando o time dele, o Arsenal de Araxá, contra um time de Uberaba. O jogo era as 10 da manhã. Um sol de fritar ovo na testa (menos na testa de Meu Pai, que jogava de lenço). Meu Pai tinha passado a noite na farra e foi direto da Zona para o Estádio Fausto Alvim. O atacante que Meu Pai marcava era um negrinho magro e muito rápido (uma mistura de Dener, Robinho e Neymar). E Meu Pai, de ressaca. E aquele sol. Então, Meu Pai resolveu “puxar assunto”:

- O que você faz lá em Uberaba?

- Estudo no colégio interno dos Padres e faço o Tiro de Guerra.

A bola foi lançada nas costas de Meu Pai e quando ele viu o Bento (era o nome do negrinho) já estava na linha de fundo cruzando para o “center-for” (de “forward”) marcar 1 a 0.

No segundo tempo, a partida já estava 3 a 0 para o Time de Uberaba (Bento tinha marcado os dois outros gols) e Meu Pai continuou “puxando conversa” para ver se acalmava os ânimos do Bento. Acho que Meu Pai estava confundindo estratégia de Pôquer com Tática de Futebol.

- A que horas você dormiu ontem?

- 7 da noite.

Aí, Meu Pai se convenceu que esse negócio de Futebol já não estava mais para ele...


Voltemos à esperada partida deste Domingo, entre Atlético e Goiás. O Primeiro Tempo mostrou um Atlético procurando mais o gol, enquanto que o Goiás ficou mais plantado na defesa. Quem apareceu em campo foram dois Santos: São José, o das chuvas, aquele das “águas de março fechando o verão”, que Tom Jobim eternizou magistralmente; e São Harlei, que continua fazendo seus milagres “até de baixo d’água”.

Veio o Segundo Tempo. E o castigo veio do céu – como a água – para o Atlético, que tinha sido melhor no Primeiro Tempo. Logo no primeiro minuto, um cruzamento e a defesa do Atlético deixou Leandro Eusébio cabecear livre, para fazer 1 a 0 para o Goiás.

A chuva continuava mais branda, mas insuficiente para esfriar a cabeça da equipe atleticana. O gol sofrido descontrolou a equipe e Pituca foi expulso, complicando mais a situação. Com um jogador a mais na linha, o Goiás soube tocar a bola, apesar do campo pesado e o Atlético não conseguiu empatar. O Goiás, no final da partida, ainda ampliou para 2 a 0, resultado final.

Enquanto isto, eles empataram com o CRAC lá em Catalão: o CRAC continua em primeiro lugar no Grupo A e eles ainda têm chances de se classificarem, apesar de terem perdido a posição para o Itumbiara, que goleou o já rebaixado Anápolis, lá no Jonas Duarte. Um ponto apenas separa eles do Itumbiara. Tudo caminha para a definição da vaga na última rodada, quando eles recebem o Itumbiara aqui em Goiânia. Mas, o CRAC deve abrir o olho, pois, ainda há possibilidade de Itumbiara e eles ultrapassarem o CRAC de Catalão, nas três últimas rodadas do Terceiro Turno.

Das inúmeras partidas deste final de semana, há de salientar duas.

No Rio de Janeiro, os salários atrasados da equipe do Flamengo “jogaram mais” do que as justificativas da Diretoria tentando “chamar a responsabilidade dos jogadores” para a importância do Clássico contra o rival Vasco da Gama e a expectativa depositada de toda a “Nação Rubro-Negra”. Deu a lógica: vitória do Vasco. Até o “acima da média” Leonardo Moura cavou uma expulsão, para “descansar” na próxima rodada. Tá coerente: o time não paga seus salários, então, ele também vai ficar sem jogar.

Já em São Paulo, a partida que mais chamou atenção foi Ronaldinho x Neymar. Apesar dos anos e quilos a mais, Ronaldinho teve uma melhor participação e apareceu mais que Neymar. Mas isto aconteceria, sem surpresas, pois até no banco, Ronaldinho aparece mais que qualquer jogador em campo. Neymar é um jogador que merece todas as esperanças da torcida do Santos. Jovem, rápido, desloca-se bem, tem ótimo domínio de bola e não perde oportunidade de chutar em gol. Contudo, neste confronto entre Corinthians e Santos, Neymar não reeditou o bom Futebol que jogou nas duas últimas partidas. E isto se deve ao que foi a partida: o Corinthians jogou fechado atrás, congestionando a defesa, não dando chances aos atacantes do Santos e, nos contra-ataques, com a movimentação do Ronaldinho, o Timão sempre tinha mais de uma opção para chegar ao gol do Santos. Hoje o Ronaldinho não marcou gol, mas no gol do Dentinho, a defesa do Santos se preocupou muito com o Ronaldinho, enquanto que a bola encontrava a cabeça de Dentinho, rumo às redes, com o Fábio Costa – típico! – plantado debaixo das traves, vendo a bola passar.

Mas o melhor do Futebol Brasileiro deste Domingo veio lá do Campeonato Sergipano. Jogavam o lanterna Guarany contra o América. A partida estava empatada em 1 a 1 até os 43min do segundo tempo, quando o árbitro assinalou um pênalti para a equipe do América. Então o inusitado aconteceu: torcedores do Guarany invadiram o campo de jogo e “sumiram com a bola”. Isto mesmo! Levaram a bola e a partida foi suspensa. Será que só tinha uma bola para a partida? E as bolas extras?

Quando eu vejo acontecimentos folclóricos como este, fico imaginando, o que nossos torcedores poderão fazer, com tanta criatividade, numa partida de Copa do Mundo...


AL-Braço
AL-©haer

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